Palestra “Trabalho escravo contemporâneo: negação e invisibilidade” será realizada no CCE

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Última atualização em Terça, 14 de Mai de 2019, 08h28
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Apesar de a Constituição Brasileira proibir o trabalho escravo em todas as suas formas, esta prática persiste como realidade no Brasil e também no Piauí – entre tentativas de negação, silenciamento e invisibilidade. Partindo dessa temática, nesta terça-feira (14), às 16h, acontece na sala 454 do Centro de Ciências da Educação (CCE), a palestra “Trabalho escravo contemporâneo: negação e invisibilidade”, ministrada por Paula Mazullo, auditora fiscal do trabalho e doutoranda em Políticas Públicas-UFPI.
 
Na década de 70, surgiram as primeiras denúncias de trabalho escravo no Brasil, nas atividades do agronegócio, na região Amazônica, em configurações contemporâneas de uma realidade que se julgava extinta, desde a Lei Áurea de 1888. Em 1992, diante da não implementação de uma política de Estado para erradicar tal prática e punir os criminosos, o Estado Brasileiro foi denunciado na Organização Internacional do Trabalho (OIT), por manter trabalhadores em condições de escravidão.
 
A partir daí, ocorreram várias mudanças na legislação brasileira, inclusive penal, o que possibilitou o julgamento de vários empregadores, a criação da chamada Lista Suja do Trabalho Escravo, e a implantação de diversas políticas públicas para a erradicação do trabalho escravo nas relações de trabalho, prática criminosa identificada em vários estados, inclusive no Piauí, nas atividades econômicas do agronegócio.
 
“Essa realidade, que se traduz em crime contra os Direitos Humanos, ofensa à democracia e mácula à imagem do Brasil perante o resto do mundo, dentre outros, tem raiz genética de natureza econômica, com matizes sociais e políticos. A Lista Suja de 2019 identificou 187 empregadores que mantinham 2.375 trabalhadores em condição de escravidão, tanto nas atividades rurais, em fazendas, garimpo e mineração, quanto nas atividades urbanas da construção civil e de oficinas de costura – essa última com forte presença de imigrantes ilegais, oriundos da Ásia e de países da América do Sul”, aborda Paula Mazullo.
 
Enquanto auditora fiscal do trabalho, Paula Mazullo integrou os grupos móveis de combate ao trabalho escravo. Além disso, pesquisou sobre o tema no mestrado em Políticas Públicas-UFPI e segue estudando a temática no doutorado em Políticas Públicas-UFPI, discutindo agora as negociações coletivas de trabalho como perspectiva de melhoria das condições laborais. “Os desafios de erradicação desse crime ainda persistem, inclusive com os recuos promovidos pelos próprios entes estatais, diante da contínua pressão exercida pelo capital, que luta para promover alterações no Artigo 149 do Código Penal, para descaracterizar o conceito de trabalho escravo”, comenta Mazullo. A palestra acontece amanhã, às 16h, na sala da 454 do CCE.