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Fundação Casa Grande e a gestão do patrimônio do Cariri são temas de palestra na UFPI

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

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Um casal de músicos viajava pelo mundo participando de festivais musicais. A inspiração para as composições eram a cultura e as histórias contadas pelos moradores da região do Cariri, onde está localizada a cidade do Crato, local de residência do casal. Alemberg Quindins e Rosiane Limaverde decidiram investir num projeto que retribuísse ao povo do Cariri o acolhimento e a inspiração para as canções. Foi aí que surgiu a ideia de um projeto que utilizasse elementos da cultura local e achados arqueológicos para a formação educacional. Essa formação previa o conhecimento e preservação da região, além da geração de renda para os envolvidos no projeto.

A Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri, foi fundada em 1992, a partir da restauração da primeira casa da Fazenda Tapera, hoje cidade de Nova Olinda/CE para abrigar o projeto idealizado pelo casal.

A experiência da Fundação foi apresentada por Alemberg Quindins para a comunidade da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em palestra realizada na última sexta-feira (5), no Auditório do Museu de Arqueologia e Paleontologia da UFPI.

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Alemberg Quindins, fundador da Fundação Casa Grande

“Trouxe aqui uma apresentação básica da Fundação, de como ela vem gerenciando o patrimônio cultural do Cariri, a relação de como trabalha a arqueologia na região, como vem trazendo para a arqueologia o que nós chamamos lá de arqueologia social inclusiva, porque é uma arqueologia que inclui o desenvolvimento da economia criativa com as pessoas que estão no local, mas também, envolve outros segmentos, como cinema, literatura em quadrinhos, rádio, TV, teatro, tudo isso dentro de um projeto de inclusão social”, explica Alemberg.

A Fundação conta com cineclube, gibiteca, biblioteca, laboratórios de música, rádio, TV, editora e internet, além do museu de arqueologia e do Teatro Violeta Arraes - Engenho de Artes Cênicas.  Atualmente, 70 crianças e jovens participam do projeto. E sabe quem gerencia a Fundação?

“É uma fundação gerenciada por crianças, os primeiros diretores tinham oito anos de idade, hoje são pessoas adultas que estão se formando. A diretora do nosso museu hoje tem 11 anos de idade, os recepcionistas dela têm entre 6 e 8 anos. Foi uma fundação que as crianças da cidade abrigaram e passou a ser o playground delas. Então, é brincar de ciência, e brincadeira é o primeiro exercício de concentração do ser humano”, informa Alemberg.

A Fundação tem servido de referência para outras instituições. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) buscou inspiração para a construção da Casa do Patrimônio do IPHAN nos museus orgânicos fundados pela Fundação para a inclusão dos mestres da cultura popular na região do Cariri.

E a movimentação em torno da Fundação é grande. “Atendemos mais de 70 mil visitantes por ano, o que gera uma economia criativa na cidade, com pousadas e todas são das famílias das crianças. É um movimento social na realidade, e a fundação só poderia gerar uma arqueologia social inclusiva”, destaca.  

Convênio com a UFPI

O convênio com a UFPI foi firmado em 2016 e surgiu a partir de uma visita da coordenadora do Curso de Arqueologia da UFPI, Profa. Dra. Conceição Lage. “O convênio prevê que estudantes do curso de Arqueologia façam estágio obrigatório na Fundação. Lá, os estudantes da UFPI ajudaram a montar o laboratório de Arqueologia, porque eles têm um museu de arqueologia também. E aí, alunos de lá foram aprovados em pós-graduação daqui. A Fundação é um belo exemplo e dá uma lição muito boa para nossos alunos também, porque se fala em arqueologia social inclusiva, totalmente diferente da arqueologia clássica. Essa parceria tem sido sempre ampliada, porque temos muito que ganhar”, destacou a professora Conceição Lage.

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Profa. Dra. Conceição Lage

Outro fruto do convênio é o curso de especialização em Arqueologia Social Inclusiva, que acontece em Nova Olinda/CE, numa cooperação entre a UFPI, Fundação Casa Grande e a Universidade Rural do Cariri (URCA). As aulas ocorrem aos finais de semana e têm estudantes de todo o país.      

Meninos da Casa Grande

Os estudantes da Casa Grande estão ganhando o mundo. Agnelo Queiroz e Heloísa Bitur, que passaram pela Fundação, fizeram o curso de Pós-Graduação em Arqueologia na UFPI. Atualmente, Agnelo é o coordenador da especialização em Arqueologia Social Inclusiva.

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Felipe Alves, Diretor deComunicação da Fundação Casa Grande 

As ações da Fundação também inspiram os estudantes na hora da escolha do curso superior. Felipe Alves chegou à Fundação Casa Grande ainda criança. Sua primeira função foi de recepcionista, resultado do conhecimento que tinha dos sítios arqueológicos e das vivências e oficinas da casa. “Fui abrindo o olhar e conhecendo outros espaços. Fui diretor da biblioteca, gerente do Memorial Homem Kariri, e comecei a gostar de arqueologia, só que também estava gostando de artes, porque eu já trabalhava com histórias em quadrinhos na casa, quando entrei na editora e comecei a desenhar aos12 anos, e isso me despertou para fazer o curso de artes visuais, que é o que estudo hoje na URCA. Fui aprendendo as várias coisas que a casa proporciona e unindo com o que eu gosto de fazer, que é comunicação, arqueologia, arte, design. A gente sempre trabalha isso na casa: como pode unir tudo, fazer o que gosta, mas sem esquecer as outras coisas e os outros compromissos”, declara Felipe.

Mais informações sobre a Fundação Casa Grande estão disponíveis no site da instituição e na página do Facebook.

  

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