Campus de Picos abrigará meliponário didático e promoverá ações de conscientização ambiental para preservar abelhas nativas

Conhecidas como abelhas sem ferrão, as abelhas nativas são fundamentais no processo de polinização de muitos grupos de plantas agrícolas e florestais. A atuação desses insetos exerce papel importante na manutenção da biodiversidade brasileira. Com a ameaça à vida das abelhas, especialmente pelo uso de agrotóxicos, cresce a preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade. Nesse contexto, a popularização quanto à diversidade de abelhas nativas por meio da educação ambiental pode ser uma boa estratégia para a preservação dessas espécies.

Em Picos, o Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, da UFPI, abrigará um meliponário didático, composto por colmeias de abelhas nativas do Bioma Caatinga. As colônias de abelhas nativas serão doadas por meliponicultores da região. O manejo para a manutenção das colônias será realizado pelos alunos dos Cursos de Licenciatura em Educação do Campo e de Biologia. É o projeto “Meliponario didático: uma estratégia para a preservação das abelhas nativas do semiárido Piauiense”, que tem como coordenadora a Profa. Dra. Juliana Bendini, e conta com a colaboração de docentes da Universidade.

Será um espaço interdisciplinar para realizar atividades de educação ambiental, relacionadas à preservação das abelhas nativas. O objetivo é receber crianças da rede de ensino básico de Picos As visitas serão monitoradas por alunos dos cursos de Licenciatura em Educação do Campo e Ciências Biológicas, capacitados para discutir a importância das abelhas e no desenvolvimento de atividades lúdicas com os alunos. O projeto prevê ainda a elaboração de material didático, por alunos e professores da UFPI envolvidos no projeto, para facilitar a compreensão do conteúdo exposto e conscientizar sobre a importância das abelhas nativas para o Bioma Caatinga. A partipação no projeto vai colaborar na formação dos acadêmicos da UFPI em Picos.

Projeto está em fase de organização do espaço

O espaço será instalado entre a residência estudantil e o muro da UFPI e foi cedido pela direção do campus. Será adaptado com uso de materiais reciclados (pneus, carretéis de fios elétricos, pallets) para virar um ambiente de convivência. Também será construída uma palhoça, com madeiras apreendidas pelo IBAMA/PI e doadas para o campus.

O projeto está em fase inicial. O momento é de preparação do espaço e das pessoas envolvidas no projeto. Já ocorreram cursos de extensão pela Prex e sessões de cinema para discutir a questão do agronegócio e a utilização de venenos, principal causa do desaparecimento das abelhas. As ações foram realizadas pelo Grupo de Estudos sobre Abelhas do Semiárido Piauiense (Geaspi), coordenado pela Profa. Juliana Bendini.

A meta é iniciar o projeto e acolher as crianças no primeiro semestre de 2018. “O objetivo é receber crianças da rede de ensino básico de Picos. Mas, ainda não começou, especialmente porque foi preciso limpar e plantar espécies de plantas apícolas no terreno do campus, cedido pela direção para nossas atividades. O clima também não permitiu a instalação das abelhas. Estamos esperando as chuvas para não colocar em risco as colônias”, esclarece Bendini.

Ações de preservação das abelhas em outras regiões dão resultado na sensibilização de crianças e adultos

Trilha pelo Meliponário da "Cidade das Abelhas" em Embu das Artes-SP

Com objetivo de conhecer outras experiências de ações de preservação das abelhas, a professora Juliana Bendini visitou o parque temático “Cidade das Abelhas”, em Embu da Artes-SP, que realiza, há quase 40 anos, atividades de sensibilização de crianças e suas famílias sobre a importância de preservar esses insetos. O espaço é mantido pela Prefeitura Municipal de Embu das Artes.

Em Curitiba-PR, a Prefeitura Municipal também tem aderido a iniciativas semelhantes. O Prefeito Rafael Greca iniciou no final desse ano o projeto “Jardins do Mel”, com ideia de difundir o conhecimento quanto à importância das abelhas para a polinização. O gestor almeja estimular a presença dos insetos na cidade, para turbinar o cultivo agrícola e disseminação de árvores nativas.

Profa. Dra. Juliana Bendini, coordenadora do projeto, com o Prof. Dr. Lionel Gonçalves, líder da campanha sem abelhas sem alimentos

Dessa maneira, a professora Juliana Bendini entende que a cidade de Picos, autointitulada como a Cidade do Mel e nacionalmente reconhecida como um dos principais polos de produção de mel, não poderia deixar de aderir a iniciativas como essas.

“Estive na Cidade das Abelhas em Embu das Artes, Estado de São Paulo e fiquei maravilhada com a reação das crianças e de muitos adultos que não sabiam sobre a importância das abelhas. Pude observar que muitas das atividades ofertadas no Parque são de fácil execução e podem muito bem serem adaptadas para o nosso projeto dentro do campus da UFPI em Picos. No entanto, iniciativas como essas precisam de apoio de instituições parceiras como a Prefeitura, empresas, entre outras. Investir em educação ambiental, especialmente em relação às abelhas, significa investir na sustentabilidade ecológica do Bioma Caatinga, bem como da apicultura, uma das atividades econômicas mais importantes do município”, avaliou.

Confira mais fotos da "Cidade das Abelhas" em Embu das Artes-SP

Entrada do Parque ecológico Cidade das Abelhas

Abelha  gigante