Programa da UFPI promove saúde e educação bucal para bebês no Instituto de Perinatologia Social do Piauí
Por que as crianças devem escovar os dentes com creme dental fluoretado? Por que o açúcar causa cáries? Como higienizar a boca do bebê? Motivada por estes e outros questionamentos, a Profa. Dra. Lúcia de Deus Moura, docente da Universidade Federal do Piauí (UFPI), implantou, no Instituto de Perinatologia Social do Piauí (IPSP) o Programa Preventivo Para Gestante e Bebês (PPGB). O projeto é um dos mais antigos cadastrado na Pró-Reitoria de Extensão da UFPI e promove, há 20 anos, trabalhos na área de Saúde Materno infantil, com especificidade no campo da Odontologia de Bebês. O IPSP é um anexo da Maternidade Dona Evangelina Rosa (MDER), localizada na região Sul de Teresina.
A professora Lúcia de Deus Moura coordena o PPGB desde 1997 com uma equipe de mais quatro professoras da UFPI, todas odontopediatras, e destacou que uma das ações de maior relevância realizada pelo programa é a educação em saúde de bebês na faixa etária de zero a três anos. Com o acréscimo do "Teste da Linguinha" no pool de exames de triagem neonatal, aumentou muito a procura por atendimento odontológico de bebês. Ela frisou, também, outros objetivos do PPGB. “Sensibilizar mães de crianças, usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), sobre a importância da saúde bucal e dos meios preventivos de doenças bucais prevalentes, assim como realizar atendimentos odontológicos de bebês e palestras educativas às mães”. No projeto são feitas, também, cirurgias do freio da língua quando o bebê apresenta língua presa (anquiloglossia), condição que pode interferir na qualidade da amamentação. A professora ressaltou que a maior casuística do mundo em bebês que nascem com dentes é do PPGB, artigo publicado em revista internacional de grande impacto.
Profa. Dra. Lúcia de Deus Moura
A maternidade Dona Evangelina Rosa, maior referência de maternidade no estado do Piauí, é parceira do projeto e disponibiliza o espaço físico e apoio logístico com material de proteção individual e parte do material de consumo necessário ao desenvolvimento do projeto. O PPGB já teve três projetos financiados pelo Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS), e, com isso, obteve aquisições logísticas com materiais para o funcionamento do programa.
Desde abril de 1997, o programa tem atendimento diário e recebe, em média, 18 pacientes por manhã, sendo o público-alvo crianças na faixa etária de zero a três anos, com um fluxo de, aproximadamente, 400 pacientes por mês, sendo consultados por período letivo 2.000 bebês, incluindo mulheres em situação pós-parto (puerpério), atendidas no Instituto de Perinatologia Social do Piauí (IPSP) e bebês usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Pacientes do programa
A Técnica de Enfermagem do Instituto de Perinatologia Social do Piauí e responsável pelo “Teste do Pezinho”, Lúcia Helena de Araújo Ferreira, colaboradora há 28 anos, comentou que a atuação do PPGB é importante para o atendimento de crianças de baixa renda. “Para o IPSP, esse trabalho desenvolvido pela Dra. Lúcia e equipe é muito importante, porque muitas crianças sem recursos financeiros buscam por atendimento em outros locais e não encontram. Aqui indicamos o PPGB e elas são atendidas, inclusive, são realizadas cirurgias da linguinha sem precisar de muitos encaminhamos e espera burocrática. Eu sei que o atendimento é excelente e de grande relevância para estas crianças.”
Técnica de Enfermagem, Lúcia Helena
Quadro de atendimento
Promovendo saúde bucal e assistência à saúde materno-infantil, assim como educação em saúde, o PPGB disponibiliza atendimento de segunda-feira a sexta-feira, das 7h30 às 11h30, ininterruptamente, independente do calendário acadêmico da UFPI.
O acompanhamento dos bebês de zero a 36 meses é promovido de maneira interdisciplinar contando com a colaboração de médicos pediatras, nutricionistas e enfermeiras. Antes dos bebês terem dentes, as orientações básicas são: motivação ao aleitamento materno exclusivo, limpar a linguinha uma vez por dia com fralda úmida, desmotivar hábitos de sucção de dedo e chupeta. Quando nasce o primeiro dentinho a criança retorna para ter o acompanhamento trimestral até completar três anos, depois a criança é encaminhada para atendimento na referência que é a clínica odontológica infantil da UFPI.
A mãe participante do PPGB, Ana Paula Limeira dos Anjos, relata sobre a qualidade do serviço prestado pelo PPGB e do acompanhamento do seu filho, João Luca. “Ele nasceu aqui (Dona Evangelina), realizaram o Teste da Linguinha, depois a gente veio para o acompanhamento porque ele tem a linguinha grudada. O programa é muito bom, porque nos ensinam a questão da limpeza, do nascimento dos dentes, como escovar, e isso é muito importante, além do acompanhamento. O João está com 1 ano e 5 meses e ele está sendo assistido pelo programa desde o seu nascimento, e continuarei trazendo-o até os 3 anos de idade”, afirmou.
Ana Paula e João Luca participantes do PPGB
Processo seletivo de estudantes estagiários para atuação no PPGB
O processo de seleção para alunos de graduação para estágio no programa ocorre no fim de cada semestre letivo. A divulgação e inscrição são realizadas pela plataforma digital Instagram @ppgb_ufpi, os discentes se inscrevem e são selecionados pelo coeficiente de rendimento escolar (IRA). Este ano, o processo seletivo de estudantes apresentou uma modificação. Antes era exclusivo para estudantes da UFPI, agora conta com estudantes de outras instituições de ensino superior. Para cada três estudantes da UFPI é selecionado um candidato de outra instituição. O estagiário do PPGB recebe certificado de atuação no projeto. O PPGB dispõe de seis bolsas cujos critérios são IRA e disponibilidade de dois horários livres pela manhã.
Grupo de estudantes atuantes no PPGB
Além de beneficiar a população com os serviços de saúde prestados, o PPGB também possibilita aos alunos do Programa de Pós-Graduação em Odontologia (PPGO) da UFPI em estágio docência, acompanhar alunos do curso de graduação nas atividades desenvolvidas no PPGB.
Atualmente, o projeto desenvolve pesquisa sobre o desenvolvimento do sistema estomatognático em bebês com microcefalia. Muitas projetos de pesquisa já foram realizados com dados do PPGB e publicados em revistas científicas especializadas. Já foram defendidas duas teses de doutorado com dados coletados no PPGB. No momento, está em tramitação um livro sobre "Atendimento Odontológico Precoce: experiência de 20 anos", a obra será lançada pela Editora da Universidade Federal do Piauí (EDUFPI) e impresso na Gráfica da UFPI.
Algumas das primeiras ações do PPGB. Aquivo pessoal da Profa. Lúcia de Deus
A professora Lúcia de Deus ressaltou sua paixão pelas atividades extensionistas “Costumo dizer que acredito que a extensão universitária, que forma o tripé da UFPI com ensino e pesquisa, é uma parte bem forte, porque trazemos para fora dos muros da universidade os conhecimentos adquiridos nos muros acadêmicos e que visam mudar a qualidade de vida do público assistido. Nós prestamos um serviço à comunidade por meio do SUS, de maneira simplificada, sem perder o rigor acadêmico”, explicou a professora.
Saiba Mais
LEGISLAÇÃO - Teste da linguinha em recém-nascidos passa a ser obrigatório
A partir do dia 22 de dezembro de 2014 passou a vigorar a Lei nº 13.002/2014, que torna obrigatória a realização do Teste da Linguinha em recém-nascidos na rede pública e na rede privada em todo o país. O teste, que pode ser feito por qualquer profissional de saúde, consiste em verificar se o freio que liga a língua do bebê à boca apresenta algum tipo de deformação. Se houver o problema, a criança pode desenvolver a chamada língua presa e, por isso, a cirurgia é indicada.
O Ministério da Saúde informou que o teste já era realizado em todo o sistema público de saúde, junto com outros testes para o recém-nascido, como os testes da orelhinha e do pezinho.
Fonte: http://www.crianca.mppr.mp.br/modules/noticias/article.php?storyid=933
O Programa Pesquisa para o SUS - PPSUS
O Programa Pesquisa para o SUS - PPSUS é uma iniciativa de descentralização de fomento à pesquisa em saúde nas Unidades Federativas (UF) que promove o desenvolvimento científico e tecnológico, visando atender as peculiaridades e especificidades de cada UF brasileira e contribuir para a redução das desigualdades regionais.
Ao longo das últimas décadas, movimentos de descentralização das atividades de fomento federal à Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) vêm ocorrendo com o estabelecimento de diversas parcerias entre instituições federais e estaduais. A ampliação dos investimentos estaduais como contrapartida é uma característica comum a vários desses programas.
Fonte: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/sctie/ppsus
Algumas produções com dados do PPGB:
MOURA, L.F.A.D.; REBELO, M.C.C.B.L.; MOURA, M.D.; MOURA, W.L.; ARÊA LEÃO, V.L. Avaliação da Eficácia de Métodos de Higiene Bucal em Bebês. J Bras de Odontopediatr Odontol Bebê, Curitiba, v.3, n.12, p.141-146, 2000.
MOURA, L.F.A.D.; LIRA, D.M.M.P.; BARROS S.S.L.V.; LOPES, T.S.P.; LEOPOLDINO, V.D.; MOURA, M.S.; MOURA, M.D. Apresentação do Programa Preventivo para Gestantes e Bebês. J Bras de Odontopediatr Odontol Bebê, Curitiba, v.4, n.17, p.10-14, 2001.
MOURA L. F. A. D.; MOURA M. S.; TOLEDO O. A. Dental Caries in Children that participated in a Dental Program Providing Mother and Child Care. J Applied Oral Sci, Bauru, v.14, n.1, p.53-60, 2006.
MOURA, L.F.A.D.; MOURA, W.L.; TOLEDO, O.A. Hábitos Bucais em Crianças que Freqüentaram um Programa Odontológico de Atenção MaternoIntantil. J Bras de Odontopediatr Odontol Bebê, Curitiba, v.10, n. 53, p.455-460, 2007a.
LIMA, MDM; BRITO NETO, Z. S. ; AMARAL, H. O. ; MOURA, M. S. ; LIMA CCBL ; MOURA, L. F. A. D. . Risk factors associated with early childhood caries - a case control study. Revista Odonto Ciência (PUCRS. Impresso), v. 31, p. 83-88, 2016.
SANTOS, D. L. N. ; MOURA, L. F. A. D. ; LIMA, M. D. M. ; LOPES, T. S. P. ; MOURA, M.S. . Is severe early childhood caries predictive of caries and fluorosis in permanent teeth? Ten-years follow-up.. REVISTA DE ODONTOLOGIA DA UNESP (ONLINE), v. 46, p. 1-10, 2017.
AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE SAÚDE BUCAL DE CRIANÇAS QUE FREQUENTARAM UM PROGRAMA ODONTOLÓGICO DE ATENÇÃO MATERNOINFANTIL - Defendida na Universidade de Brasília no ano de 2006 .
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