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Pesquisadores da UFPI alertam para riscos do uso inadequado de medicamentos

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Última atualização em Domingo, 24 de Março de 2019, 16h17

desmedicalizção

Você tem o hábito de utilizar medicamentos sem orientação médica? E consumir em altas dosagens para “potencializar os efeitos terapêuticos”? Em 2014, uma pesquisa realizada pelo Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ) revelou que 72% da população praticam a automedicação, e 32% possuem o costume de aumentar a dose dos remédios.

Sem receita médica, é permitido comprar desde analgésicos a anti-histamínicos, passando por antifúngicos, descongestionantes nasais e vitaminas. O controle dos tipos de medicamentos dispensados de prescrição médica é feito pela Anvisa. O acesso aos medicamentos também é facilitado pela quantidade de farmácias à disposição do consumidor. Segundo dados disponibilizados pelo Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (SincoFarma/SP), existem cerca de 72 mil farmácias no Brasil.

Na tentativa de conscientizar o público dos riscos do consumo excessivo de medicamentos, surge o chamado movimento da desmedicalização. Com o intuito de despertar a discussão sobre a educação que é oferecida às crianças, frequentemente pautada no desempenho e no excesso de informações, essa corrente acredita que a cultura da medicalização impactou o surgimento de transtornos que até pouco tempo atrás não existiam.

“A medicalização possui uma relação direta com o modelo de sociedade que temos atualmente, na qual temos pouco tempo, elevadas rotinas de trabalho (adultos) e na escolarização (crianças e adolescentes). E, somado a tudo isso, um nível bastante elevado de intolerância ao erro, exigência de altas performances e desempenho”, explica o Professor Doutor Fauston Negreiros, do Departamento de Psicologia e dos Mestrados de Psicologia e Ciência Política da UFPI.

Fauston, além de professor, é coordenador do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade. O núcleo desenvolve atividades de caráter acadêmico, fomentando discussões e realizando pesquisas sobre os processos de medicalização e patologização da Educação e da Sociedade na realidade do Estado do Piauí, e político, colocando a discussão da medicalização na pauta do dia nos variados debates envolvendo a educação, saúde, assistência social, meio ambiente e Comunicação.

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Fórum de Medicalização foi premiado em primeiro lugar como extensão universitária na UFPI, em 2016

Ao longo dos anos, o Fórum obteve várias conquistas, em níveis locais e nacional. “Temos uma página na internet com informações e artigos científicos sobre a temática, com quase 10 mil seguidores e com acesso diário de 2 mil pessoas em média. Além disso, as construções coletivas e aprovações nas câmaras municipais dos projetos de leis do Dia Municipal de Luta também são algumas das nossas vitórias. Em Cocal dos Alves, por exemplo, esse Dia já foi aprovado na câmara e atualmente estão em andamento nas cidades de Parnaíba, Floriano e Teresina”, revela o Prof. Dr. Fauston.

proffarmácia

Professora do Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFPI, Prof.ª Dr.ª Beatriz Pereira

Para a professora do Departamento de Ciências Farmacêuticas da UFPI, Prof.ª Dr.ª Beatriz Pereira, o profissional de saúde deve ter bom senso no momento em que for sugerir ou não a utilização de medicamentos para o paciente. “Todos os profissionais de saúde devem ter esse bom senso de avaliar o paciente de forma correta, para pode constatar se deve haver o uso de medicação ou de um tratamento. Por isso, é necessário que o paciente tenha um bom diálogo com o médico, para que ele tenha conhecimento do caso”, afirma. 

 remédios

O professor do Departamento do Clínica Geral, do Curso de Medicina da UFPI, André Gonçalves, alerta que embora o uso de medicações, em curto prazo, gerem efeitos benéficos e sensação de bem-estar, o uso prolongado de medicamentos, sem acompanhamento profissional, pode provocar mais lesões de órgãos do que benefícios.

"O grande risco de abuso em medicações seria o potencial para efeitos tóxicos. Há muito abuso de anti-inflamatórios, que, em longo prazo, podem levar a úlceras gástricas ou alterações renais; de ansiolíticos para dormir, muito associados à dependência quimica; e de anabolizantes, que podem gerar lesões hepáticas, disfunções na próstata ou mesmo aumento de risco cardiovascular", esclarece o professor.

 

 

 

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